Português
XXVI
Reunião Anual sobre Evolução, Sistemática e
Ecologia Micromoleculares
Instituto
de Química, Universidade Federal Fluminense, 1 a 3 de dezembro
de 2004
Aplicação de RMN e Métodos Quimiométricos na Quimiotaxonomia de Liquens
Glaucia B. Alcantara (PG)*1,
Andersson Barison (PG)1, Antonio G. Faria
(PG)1,
Neli K. Honda (PG)2,
Márcia M. C. Ferreira (PQ)3
1 Lab. de RMN, Departamento
de Química, Universidade Federal de São Carlos, 13565-905,
São
Carlos/SP; 2Lab. de Pesquisa
LP-2, Departamento de Química, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Cidade Universitária,
79070-900, Campo Grande/MS; 3Instituto de Química,
Universidade Estadual de Campinas, 13083-970,
Campinas/SP.
glaucia@dq.ufscar.br
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Liquens,
organismos simbióticos compostos por um fungo e uma ou mais algas
formando uma íntima união biológica, são encontrados
nos mais variados habitats, inclusive naqueles onde as condições
para a vida são extremas.
Dado
à constância de composição química e
ao fato de que a diferenciação morfológica nem sempre
é fácil, as análises químicas de liquens para
fins taxonômicos são muito empregadas. A determinação
quimiotaxonômica desses organismos é comumente realizada por
reações de coloração no talo, microcristalização,
análises cromatográfica, por fluorescência e por espectrometria
de massas1. Alguns trabalhos empregando
a RMN de 13C de polissacarídeos
de liquens também tem mostrado a possibilidade de correlação
entre espécimes de uma mesma família2,
no entanto, trata-se de uma técnica trabalhosa pois envolve a análise
de espectros com alto grau de semelhança entre si.
A RMN
aliada à quimiometria já vem sendo usada para a caracterização
de plantas3. Dado ao grande número
de informações contidas no espectro de RMN de 1H
de uma amostra, a quimiometria tem se mostrado uma ferramenta valiosa,
demonstrando como essa pode ser usada, como uma primeira avaliação,
para determinar e caracterizar plantas, permitindo reconhecer as similaridades
e diferenças na composição das amostras.
No presente
trabalho, duas análises de RMN de liquens foram efetuadas. Em uma,
a partir de espectros de RMN HR-MAS, foram estudadas amostras do material
vegetal intacto; na outra, após efetuada a extração
dos metabólitos secundários, o extrato foi analisado por
RMN de líquidos.
A partir
dos espectros de RMN de 1H, foram realizadas
as análises quimiométricas a fim de correlacionar os espécimes,
gêneros e famílias, propondo o emprego destes para a quimiotaxonomia
dos liquens.
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Espectros
de RMN de 1H de onze amostras de liquens
pertencentes às famílias Phisciaceae e Parmeliaceae,
previamente indentificadas, foram analisadas em triplicata.
Na análise
líquida (RMN de Líquidos), após a extração
em acetona sob aquecimento brando e evaporação do solvente,
o extrato foi solubilizado em DMSO-d6
e analisado por RMN.
Na análise
semi-sólida (RMN HR-MAS) as amostras, previamente moídas
em moinho criogênico, foram analisadas diretamente por RMN e uma
sonda de HR-MAS.
Após
a obtenção dos espectros, o tratamento dos dados foi efetuado
no programa Pirouette.
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Os espectros de RMN de 1H dos extratos (ánálise liquida) apresentaram sinais característicos de seus metabólitos secundários majoritarios. Através de Análise de Componentes Principais (PCA) e Análise Hierárquica de Clusters (HCA), foi possível discriminar os liquens quando aos seus gêneros e espécimes (Figura 1), onde os espécimes referentes a um mesmo gênero foram agrupados (retângulo tracejado) e discriminados dos demais gêneros estudados. No entanto, na análise líquda não foi possível a caracterização das famílias dos liquens.
Figura 1. Gráfico de Scores (PC1xPC2) das amostras de liquens da Família Parmeliaceae (análise líquida).
Na análise semi-sólida, os espectros de RMN HR-MAS de 1H, apresentaram sinais característicos de polissacarídeos de liquens. Com a aplicação de métodos quimiométricos, observou-se uma satisfatória discriminação entre as amostras sendo possível agora a caracterização dos liquens a níveis de famílias, gêneros e espécimes. A Figura 2 ilustra a discriminação entre as famílias Phisciaceae (em vermelho) e Parmeliaceae (em azul). Apenas uma amostra apresentou comportamento anômalo (em verde).
Figura 2. Gráfico de HCA de todas as amostras de liquens (análise semi-sólida).
A discriminação entre os três gêneros estudados da família Phisciaceae também foi observada (Figura 3). Além disso, na análise de seis espécimes do gênero Parmotrema, pertencente à família Parmeliaceae, observou-se que por meio de PCA dos respectivos espectros de RMN HR-MAS de 1H, foi possível a sua discriminação.
Figura 3. Gráfico
de Scores (PC1xPC2) das amostras de liquens da Família Phisciaceae
(análise semi-sólida).
Figura 4. Gráfico de Scores (PC1xPC2) de seis espécimes de liquens do gênero Parmotrema (análise semi-sólida).
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A RMN
aliada a quimiometria tem se mostrado uma ferramenta útil na determinação
quimiotaxonômica de liquens. Por meio de RMN de líquidos,
pode-se efetuar a caracterização de gêneros e espécimes.
Por RMN HR-MAS, uma técnica que permite a análise direta
de materiais semi-sólidos e ainda dispensa qualquer tipo de pré-tratamento
de amostra, a discriminação foi mais eficiente, separando
as famílias, gêneros e espécimes diferentes.
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English
XXVI
Reunião Anual sobre Evolução, Sistemática e
Ecologia Micromoleculares
Instituto
de Química, Universidade Federal Fluminense, 1 a 3 de dezembro
de 2004
Application of NMR and Chemometric Methods to Chemotaxonomy of Lichens
Glaucia B. Alcantara (PG)*1,
Andersson Barison (PG)1, Antonio G. Faria
(PG)1,
Neli K. Honda (PG)2,
Márcia M. C. Ferreira (PQ)3
1 Lab. de RMN, Departamento
de Química, Universidade Federal de São Carlos, 13565-905,
São
Carlos/SP; 2Lab. de Pesquisa
LP-2, Departamento de Química, Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Cidade Universitária,
79070-900, Campo Grande/MS; 3Instituto de Química,
Universidade Estadual de Campinas, 13083-970,
Campinas/SP.
glaucia@dq.ufscar.br
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Lichens,
symbiotic organisms that compose of a funus and one or more algae in tight
biological union, are encountered in the most different habitats, including
habitats with extreme life conditions.
Chemical
analyses of lichens in taxonomy are frequently used due to the constant
chemical constitution of lichens and the fact that the lichen morphological
differentiation is not always easy. Chemotaxonomic determination of these
organisms is commonly realized by means of stalk coloration, microcrystallization,
chromatographic analysis, fluorescence analysis and mass spectrometry1.
Some articles have shown that the 13C NMR
of polysaccharides of lichens can be used for finding relationships between
species of the same family2. Hence, this
is a laborious technique because it involves the analysis of spectra with
high similarity.
NMR coupled
with chemometrics has been already used in plant characterization3.
Due to the existence of vast amount of data contained in 1H
NMR spectra, chemometrics has shown to be useful methodology as for example,
in determination and characterization of plants with recognition of similarities
and differences that exist among the samples.
In the
present work, two NMR analyses of lichens were carried out. In one, based
on NMR HR-MAS spectra, the samples of intact vegetal material were studied;
in another, after the extraction of seconcary metabolites, the extract
was analyzed by means of liquid NMR.
Using
the 1H NMR spectra, the chemometric
analyses were performed in order to find the relationships between the
species, genii and families, and to recommend the use of these methodologies
in chemotaxonomy of lichens.
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The 1H
NMR spectra of eleven lichen samples from the families Phisciaceae
e Parmeliaceae, previously not identified, were analyzed in triplicates.
In the
liquid analysis (NMR of liquids), after extraction in acetone under mild
heating and evaporation of the solvent, the extract was dissolved in DMSO-d6
and analyzed by NMR.
In the
semi-solid analysis (HR-MAS NMR), the samples, previosly ground in criogenic
mill, were analyzed directly by NMR and a HR-MAS probe.
After
recording the spectra, the data were analyzed by using program Pirouette.
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The 1H NMR spectra of the extracts (liquid analysis) had characteristic signals of the main secondary metabolites. Using Principal Component Analysis (PCA) and Hierarchical Cluster Analysis (HCA), it was possible to discriminate the lichens in terms of their genii and species (Figure 1). The species of the same genus were grouped (dashed rectangle) and differentiated from the other genii. However, it was not possible to characterize the lichen families in the liquid analysis.
Figure 1. Scores plot (PC1xPC2) with lichen samples from the family Parmeliaceae (liquid analysis).
In the semi-solid analysis of 1H spectra from HR-MAS NMR, characteristic signals of polysaccharides were observed. By applying chemometric methods, a good differentiation of the samples was obtained in terms of lichen families, genii and species. Figure 2 illustrates the discrimination of the families Phisciaceae (red) and Parmeliaceae (blue). Only one sample was anomalous (green).
Figure 2. HCA plot with all lichen samples de (semi-solid analysis).
Discrimination of three genii of the studied family Phisciaceae was also observed (Figure 3). Besides, this discrimination was noticed also in the PCA of respective 1H spectra from HR-MAS NMR.
Figure 3. Scores plot
(PC1xPC2) of lichen samples from family Phisciaceae (semi-solid analysis).
Figure 4. Scores plot (PC1xPC2) with six lichen samples from genus Parmotrema (semi-solid analysis).
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NMR coupled
with chemometrics showed to be useful tool in chemotaxonomic determination
of lichens. By means of NMR of liquids, it is possible to characterize
genii and species. When using HR-MAS NMR, a technique that permits direct
analysis of semi-solid materials and avoids any pre-treatment of samples,
the discrimination was more efficient (separation of different families,
genii and species).
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